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domingo, 26 de fevereiro de 2012

O agente de si próprio



               É da natureza do ator, produzir-se.
                A composição da personagem, a escolha do figurino e o completo domínio da técnica de interpretação, são ferramentas que irão auxiliá-lo em seu ofício seja no teatro, cinema ou televisão. E com o tempo, passam a ser bagagem, uma biblioteca pronta que poderá ser consultada quando necessário. O estudo e preparação constante é o seu acervo valioso e intransferível.
                Porém uma peculiaridade desse trabalho pode ser de grande valia para todos nós, não atores. Na absoluta ausência de convites para exercer sua arte, o ator pode – e deve – transmutar-se em produtor. Buscar autores (originais ou não), escrever seus próprios textos e a partir daí, ser ao mesmo tempo todos os agentes do processo dessa produção. E isso não significa que trabalhará sozinho. Poderá associar-se a colegas especialistas em figurino, iluminação, em captação de apoio ou patrocínio, mas será o centro de toda a cadeia criativa. Colaborativamente colocará seu projeto de pé tendo em mente que a fagulha inicial, o “big bang” que deu a partida em direção a algum lugar partiu de sua vontade de não esperar. De ser o agente de si próprio.
              A partir do momento em que se reconhece como seu próprio motor, você não precisa esperar. Não falamos apenas de vocação, de dons ou habilidades específicas e sim de um simples movimento para uma direção. A inércia já está em campo antes do jogo começar e ter a clareza da necessidade de produzir-se a cada instante, é primeiro estágio da verdadeira mudança.
                Ao utilizarmos o ator como metáfora, destacamos a importância de que cada um produza o seu próprio conteúdo. 

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